Quando ouvi falar sobre Inception (aka A Origem), e toda a sua idéia quase mirabolante da invasão de sonhos e roubo de idéias no subconsciente, fiquei bem interessado no filme, mas com aquele receio, afinal, a chance de um filme com todos esses ingredientes dar errado é gigante. Mas aí descobri algo que faria toda a diferença nesse sentido: o filme era escrito e dirigido por Chris Nolan (diretor de Batman - O Cavaleiro das Trevas).
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Inception conta a história de Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), um ladrão especializado em um tipo de roubo diferente: o de idéias. Através da invasão de sonhos, Cobb extrai segredos da mente das pessoas no momento do sono com sonhos, hora em que a mente está mais vulnerável ao "ataque". Em um mundo onde as grandes corporações fazem de tudo para vencer, Dom se torna peça valiosa no campo da espionagem industrial. Porém, ao mesmo tempo, acaba por fazer grandes inimigos e se torna um fugitivo internacional, e então não pode voltar para casa.

Então surge a oportunidade de um trabalho para se redimir, que seria o último, afinal poderia devolver sua vida a normalidade. Cobb deveria fazer o impossível: ao invés de roubar uma idéia, ele deveria inserir uma nova.

Daí o nome do filme - Inception - que tem como significados "origem", "início", e também "inserção".








Dom Cobb (Leo DiCaprio) é contratado por Saito (Ken Watanabe), que propõe o serviço diferente: que uma idéia seja implantada na mente do herdeiro de uma outra mega-empresa, Robert Fischer (Cillian Murphy). Cobb aceita a proposta, e monta uma equipe pra o projeto: arruma uma "arquiteta" de sonhos, Ariadne (Ellen Page), que é aluna de Miles (Michael Caine), pai de Cobb. Ele ainda chama para a equipe seu braço direito Arthur (Joseph Gordon-Levitt), Eames (Tom Hardy) - um velho conhecido seu desse ramo, e ainda Yusuf (Dileep Rao), um amigo de Eames. Outro personagem é Mal (Marion Cotillard), esposa de Dom.









Todo o surrealismo da idéia do filme é desfeita pela genialidade de Christopher Nolan. Nesse seu projeto pessoal, mais uma vez ele mostra que sabe trabalhar como ninguém o assunto que parece ser sua obsessão: a mente e o psicológico humano. Já havia mostrado isso em seus filmes (como The Prestige - O Grande Truque, Batman Begins e The Dark Knight - Batman: O Cavaleiro das Trevas), e dessa vez não foi diferente.

Nolan utiliza-se de várias concepções que temos a respeito de sonhos, e da possibilidade de manipulação e construção de sonhos, bem como da idéia de sonhos dentro de sonhos, o que levaria a maior profundidade no subconsciente.

Algo interessante a se pensar é que, por o filme se passar dentro de sonhos, qualquer "loucura" ou mirabolância seria possível, e então nenhuma coerência seria necessária. Mas apesar disso, o diretor e escritor do filme consegue criar uma história coesa.







O filme que não chega a ser uma idéia original (afinal realidades alternativas já foram vistas em outros filmes), é trabalhado de forma original. E o elenco acreditou no projeto de Nolan e parece ter se jogado de cabeça na trama, tendo atuações brilhantes. O personagem principal é o de DiCaprio, que está cada vez melhor em seus filmes, com atuações muito boas. Os outros são coadjuvantes, mas com grande importância pro filme, e cada um dando ótima contribuição, aproveitando cada cena que participam para deixarem sua marca.








A parte técnica do filme (como se eu entendesse disso) é impecável: a fotografia, a edição, a trilha sonora (que tem até Edith Piaf com Non, Je Ne Regrette Rien), tudo muito bem trabalhado. E os efeitos especiais são únicos: não porque sejam extraordinários e difíceis (já vimos coisas parecidas em Hollywood), mas sim como foram encaixados na trama e como a cena foi desenvolvida utilizando-se desses efeitos.








Uma das cenas do filme (das mais memoráveis do cinema), uma luta entre Arthur (Gordon-Levitt) e um segurança, mostra o brilhante trabalho da direção de arte, em que o centro de gravidade do local em que estão fica mudando o tempo todo, e por isso por vezes flutuam no ar e são "jogados" de uma parede pra outra e do chão pro teto o tempo todo. Computação gráfica também é usada na elaboração dos sonhos, mas sem exagero.









Porém o mais importante, é que toda essa produção artística, e esse brilhantismo estético não se sobrepõe a história e ao enredo do filme, e nem aos personagens, mas sim os faz aparecer ainda mais.







Incpetion tem algo que me faz gostar ainda mais dele que é não poder relaxar e sequer "piscar o olho" durante o filme: se você fizer isso provavelmente perderá algo importante. Mas mesmo que você queira fazer isso não consegue, pois ele é muito intenso, e te prende desde antes da metade até o final como se o clímax durasse mais de uma hora.







Inception estreiou sexta-feira, e tem tudo pra se tornar um clássico (pra mim já é). Um filme inteligente, com uma história interessante e atraente, atores ótimos, e com todas as qualidades que um filme bom tem. E enquanto isso Nolan cada vez mais entra para a galeria dos grandes cineastas.







Obs.: A Warner Bros divulgou uma HQ que seria um prólogo do filme. Para vê-la, clique AQUI.




Postado por Beto